As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) angolanas voltaram a descer em Junho, pelo segundo mês consecutivo, para 24.863 milhões de dólares, e reduziram-se 9,5% nos primeiros seis meses do ano.
S egundo dados do banco central compilados hoje pela agência Lusa, depois de quedas consecutivas, estas reservas, necessárias para garantir nomeadamente as importações nacionais de matéria-prima ou de alimentos, até aumentaram 0,1% em Abril, subida praticamente anulada no mês seguinte.
Em Junho confirmou-se o regresso à trajectória de descida, que coincide com um aumento substancial da injecção de divisas (dólares) nos bancos comerciais por parte do Banco Nacional de Angola (BNA), para minimizar a crise cambial que se regista no país há mais de seis meses.
Em Maio, estas reservas ascendiam a 25.602 milhões de dólares, reduzindo-se assim 670 milhões no espaço de um mês (-2,8% em Junho).
No final de 2014, as RIL fixaram-se em 27,478 mil milhões de dólares – suficiente para garantir à volta de seis meses das necessidades de importações por Angola – o que se traduz numa quebra de 9,5% no acumulado do primeiro semestre deste ano.
Na revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015, aprovado em Março e que surge face à forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo, o executivo angolano já prevê uma descida dessas reservas para cinco meses de importações.
As reservas contabilizadas pelo BNA são constituídas com base em disponibilidades e aplicações sobre não residentes, bem como obrigações de curto prazo.
Incluem-se ainda as reservas angolanas de ouro, que em Junho aumentaram para 84.356 milhões de kwanzas.
Devido à crise da cotação do crude, que fez as receitas fiscais petrolíferas de Angola caírem para cerca de metade nos últimos meses, e, por consequência, a entrada de divisas (dólares) no país, o Governo prevê uma redução de 28,4% nas mesmas reservas em 2015.
“Na eventualidade de a situação de crise perdurar durante todo o ano, a perda de RIL poderá elevar-se a -8.005,39 milhões de dólares, posicionado o ‘stock’ de RIL em 19.277,18 milhões de dólares”, lê-se no documento que sustenta o novo OGE de 2015.
Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, actividade que representa cerca de 98% do total das exportações do país.
O sector garantiu em 2013, segundo o Ministério das Finanças, 76% das receitas fiscais angolanas, mas o seu peso deverá descer este ano para 36,5% devido à forte redução da cotação do crude no mercado internacional.
Na crise petrolífera de 2009, as RIL angolanas reduziram-se até aos 13 mil milhões de dólares, o que obrigou o Governo angolano a pedir um empréstimo ao Fundo Monetário Internacional no de 1.375 milhões de dólares.